09 janeiro 2017

Amor Impossível



Por mais de uma vez, a protagonista faz uso de "O Monte dos Vendavais": relê-o após uma briga com o namorado, defende-o apaixonadamente na apresentação de um trabalho, incorpora-o profusamente quando declama, de forma visceral, "Eu sou Heathcliff"! E por mais de uma vez, recordei o quanto odiei "O Monte dos Vendavais" e a sua narrativa de "amor" obsessiva e abusiva! Aquilo nunca foi amor, somente uma relação destrutiva, e também destrutiva é a relação que "Amor Impossível" nos apresenta.






É a ilusão do amor, o amor pelo amor, que Cristina persegue tão vividamente? E o que move Tiago senão o sentimento de posse por si só, o ter e possuir alguém? E quando tudo se complica, quando tudo desaba, o que acontece?

A caracterização deste caótico relacionamento é sólido e cativante; Victoria Guerra e José Mata foram capazes da intensidade que tal retrato pedia, numa narrativa que se foi afirmando como consistente e interessante! O meu grande problema com o filme foi sem dúvida a tentativa de paralelismo entre o casal protagonista e o casal de inspectores da PJ. Para além de me escapar o motivo desta opção, nunca achei que fosse bem conseguida ou até minimamente interessante, acabando apenas por prolongar em demasia a duração do filme e distrair-nos da história principal (e, por outro lado, desacreditar ligeiramente o trabalho de investigação...)!





"Amor Impossível" é, neste aspecto, um filme um pouco desequilibrado. Contudo, desenvolve de forma capaz e séria a sua premissa principal, numa narrativa fervorosa que nos consegue prender, ainda que não absolutamente, no seu sucessivo acumular destrutivo de paixão e obsessão!


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