O frio. A morte. A neve gélida e a lama viscosa. O medo. A doença. O desespero. O horror da trincheira no horror de uma guerra que ainda mal começara. O inimigo sempre à espreita; para existir guerra tem que existir um inimigo! E contudo, naquele Natal, a imagem do inimigo desvaneceu-se, os cânticos sobrevoaram as trincheiras e a terra de ninguém foi ocupada pela união, pela cumplicidade, pela esperança!
“Joyeux Noël”, co-produção europeia, retrata de forma emocionante e sensível este episódio singular da História: a confraternização espontânea e não autorizada entre as tropas alemãs, francesas e britânicas em vários pontos de trincheira no Natal de 1914. E o filme é soberbo na apresentação dessa dualidade, desse contraste: comparemos a ferocidade das declamações feitas pelas crianças logo na cena inicial com a sinceridade do Merry Christmas, Frohe Weinachten e Joyeux Noël proferida pelos oficiais; ou a violência das baionetas e da artilharia com a generosidade com que os soldados trocaram comida, bebida, histórias e fotografias; ou a hipocrisia do sermão do bispo com a comunhão de todos os presentes naquela missa de Natal improvisada. Sempre magistralmente encenado, sempre brilhantemente representado. Diane Kruger, Daniel Brühl, Guillaume Canet, Benno Fürman, Gary Lewis, Alex Ferns…destacar alguém seria injusto…
“Joyeux Noël” toca-nos ao coração de forma pungente e séria porque nos mostra e nos dá a esperança em acreditar que mesmo nos momentos mais negros e amargos existirá sempre uma réstia de humanidade que lutará por se impor.
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