01 dezembro 2011

Memento


Now…where was I?




Assistimos ao final, ao acto concretizado. Ele está satisfeito. Subitamente, um flash sobressalta-nos. Uma polaroid desvanece-se em mistério. As imagens retrocedem, em lenta desconstrução. Tal como ele, agora um fantasma. O puzzle está desfeito. A viagem começa.


“Memory can change the shape of a room;
it can change the colour of a car. 
And memories can be distorted. They’re just an interpretation, 
they’re not a record and they’re irrelevant if you have the facts.” 


Nesta estrada de dois sentidos, busca-se a verdade, deseja-se a vingança. Mas quem o guia? Memórias? Factos? Ou instinto? Em qual pode ele confiar?




“I have to believe that when my eyes are closed, 
the world’s still there.”


Por entre uma bruma de incertezas e dúvidas, é hábil e genial o modo como Nolan nos confunde, manipulando-nos subtilmente num quebra-cabeças não só existencial, como até moral e ético. No centro, esse nebuloso espectro, um magnífico Guy Pearce, condicionado a funcionar, corpóreo somente pela tinta indelével, seguro apenas da evidência das suas fotografias e anotações. “Certainties. It's the kind of memory that you take for granted.” Contudo, é exactamente com a possibilidade de ilusão que Nolan joga, a qual, acentuada pelo excelente trabalho de montagem de Dody Dorn, cria um deveras original e desafiante clássico. 

2 comentários:

  1. É mesmo um produto original. Concordo com tudo o que dizes, especialmente no que toca a Pearce.

    Abraço
    Frank and Hall's Stuff

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  2. A cena inicial literalmente mostrada de trás para a frente é muito boa.
    Foi o primeiro filme que vi dele e continuo a achar que é um dos seus melhores momentos. Gosto da sua conclusão e das questões que levanta.

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