“This is ridiculous!”
“This, Madame, is Versailles!”
...ou como Sofia Coppola se perdeu nos delírios do barroco…
Faustosamente decorado. Opulento e contagiante nas suas cores, objectos, sons e formas. Vertiginosamente montado. Uma delirante sucessão de belos vestidos, sapatos exagerados, incomportáveis penteados. Um festim de champanhe, macarrons e outros oníricos doces. É este o luxuoso mundo da Dauphine. E no centro, ela brilha: Marie Antoinette! E contudo, é à margem que cada vez mais se sente. Num terrível limbo. No vazio. Por isso, sofre ao som dos The Cure, intoxica-se pela batida de “I Want Candy”, desespera com a melodia dos The Strokes!
É esta a Marie Antoinette de Sofia Coppola: uma adolescente convertida em rainha, presa aos seus dramas e questões interiores, num mundo em urgente revolução.
Kirsten Dunst interpreta graciosamente Marie Antoinette. De inocente e leviana, a provocadora e inconsciente, pontuado por momentos de dolorosa racionalidade!
A seu lado (ou nem tanto), Jason Schwartzman apresenta-se como o tímido, desajeitado e socialmente inadequado rei Louis XVI. Peculiar relação…no fundo nem sei se suportável pelas oníricas e tranquilizantes belezas do Petit Trianon, paraíso rural cercado pela sumptuosidade de Versailles.
E penso ser aí que “Marie Antoinette” perde o seu fulgor…acaba por ser esmagado pelo exagero visual e consequente tom superficial. Ultimamente oco, um pouco como o barroco que o inspira! Confesso ter tido alguma dificuldade em sentir empatia para com as personagens, salvo alguns momentos, precisamente por alguma falta de profundidade na sua construção. E se não fosse pelo virtuoso trabalho de Kirsten Dunst ou pela intimista e turbulenta composição musical, acredito que assistiria ao contínuo desfile visual simplesmente apática! E ninguém quer isso!
“Marie Antoinette”, de sensacional a supérfluo, porém entusiasmante, inscreve-se, dessa forma, como um extático momento cinematográfico!
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