26 junho 2011

A History of Violence





A sua simplicidade possui algo de perturbador. A cena inicial, de sólidos minutos, é perfeita na sua demonstração. Impávida, cruel, desumana. Estamos, afinal, perante uma “História de Violência”.

O filme segue na sua turbulenta tranquilidade, na agonia de uma metamorfose em suspenso que subitamente se concretiza. Terá Tom (Viggo Mortensen) perdido parte da sua essência ou simplesmente recuperado algo há muito suprimido? A resposta é rápida e dolorosa. E esse simples olhar de Tom nunca será certamente esquecido pelo espectador. Nem pela sua família, repentinamente face a um estranho a quem chamava pai ou marido. Por quem agora só sentirão ódio e repulsa, no confronto com um cobarde ou na sombra de um vão de escadas.

Viggo Mortensen oferece-nos uma magistral interpretação, perfeito e tortuoso camaleão entre vulnerabilidade e violência, entre repugnância e redenção. A seu lado, Maria Bello é surpreendente no seu desconforto e na sua raiva. William Hurt e Ed Harris surgem como temerosos secundários. David Cronenberg, por sua vez, assina um fascinante e sufocante ensaio sobre a natureza humana.




8 comentários:

  1. Uma das minhas adaptações de BD predilectas. Não fosse um Cronemberg :)

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  2. Loot, a BD não conheço...o filme é magnífico, deve ter tido um bom material de partida ;)

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  3. Sim teve, mas mesmo de partida, porque a dada altura Cronemberg segue por outro caminho.

    Ou seja a BD tem três capítulos e o filme só segue o primeiro deles.

    Já agora é esta: http://alternative-prison.blogspot.com/2008/01/history-of-violence.html

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  4. Fui ver ao teu blog e de facto a introdução da BD por si só parece bastante interessante e merecedora de reflexão...deixou-me curiosa! Tenho a confessar que não sou muito conhecedora de BD mas hei-de tentar ler esta...
    E também é interessante o facto do Cronenberg só ter pegado no 1ºcapítulo...como seria o filme se ele não tivesse feito isso?

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  5. A BD é muito diferente do filme. Este costuma ser um exemplo que uso para discutir adaptações de BD. Se devem ou não ser fiéis ao livro. Se divergirem demasiado também deixam de ser adaptações.

    Neste caso é tudo bastante diferente, mas é Cronemberg e sai tudo muito bem. Acho que vale a pena conhecer as duas histórias.

    A BD tem mais história e apesar de o seu primeiro capítulo ser similar ao do filme a personagem principal é diferente como comprovaremos no capítulo 2 que é um flashback.

    SPOILERS:

    Na BD o Tom não pertencia à máfia nem tem irmão nenhum. Ele e um amigo é que se metem com mafiosos num esquema e aquilo corre mal.

    A BD é mais violenta. Tom safa-se e esconde-se numa vila qualquer. Mas o seu amigo é apanhado e torturado durante estes anos todos.

    No 3º capitulo como Tom foi descoberto, vai ter de enfrentar os demónios do passado.

    Mas ao contrário do filme ele nunca teve um passado manchado de sangue.

    Claro que graças a isso a cena final do filme que é lindíssima na BD não existe, nem faz sentido existir.

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  6. Wow, Loot, é mesmo uma diferença colossal....e fundamental porque muda completamente a natureza e as motivações de Tom...

    Dizes que a BD é mais violenta mas do que interpreto o Tom do filme terá uma violência intrínseca em si, quando o da BD terá sido apenas apanhado no meio dela...é uma dualidade interessante! E sim, aquele final é magistral, é só expressões, olhares, gestos que dirão mais que palavras e o modo como a situação é "resolvida" é sublime...

    Agora ainda fiquei mais curiosa pela BD, vou mesmo tentar arranjar ;)

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  7. Sim quando disse mais violenta era em situações físicas. A violência dentro do Tom é completamente diferente no livro e na BD. O tom do livro não era uma pessoa naturalmente violenta :)

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  8. Sim, sim eu percebi...queria dizer que esse contraponto acaba por ser bastante interessante :)

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