Chaos is order yet undeciphered.
Já tinha este debaixo de mira há algum tempo, principalmente por ser uma adaptação do livro “O Homem Duplicado” de José Saramago, de premissa curiosa e desenvolvimento acutilante, propício, como habitual, a uma boa reflexão. Lida a obra, foi então hora de me dedicar ao filme.
E dedicar não foi uma mera força de expressão…”Enemy” é sem dúvida um daqueles vertiginosos quebra-cabeças passíveis de muitas e díspares interpretações e saúdo-o por isso. Foi habilmente escrito e realizado e Jake Gillenhaal é fenomenal no modo como, através de pequenas nuances, trejeitos, expressões ou gestos, compõe duas (in)distintas personagens. Mas ainda assim não me cativou.
E porquê, perguntarão? Eu sei que esta não foi uma adaptação per se e, como disse anteriormente, a narrativa em si, mesmo se diferente, foi engenhosamente desenvolvida. Mas a comparação é inevitável e o facto é que se o filme coloca muitas perguntas, o livro levanta muitas mais. É bastante mais desafiador da ética e moralidade da sua personagem principal, conduzindo-a a um destino bem diferente do apresentado no filme, mesmo considerando as várias possibilidades que a sua própria construção oferece.
Teria eu uma outra opinião se não houvesse “O Homem Duplicado”? Talvez…não nego nem a excelência nem a irreverência de “Enemy”, apenas não me encheu as medidas. Assim, apesar das inegáveis qualidades que lhe aponto, para mim “Enemy” acaba por ser inferior a “O Homem Duplicado”, no sentido em que lhe falta o arrojo e a perversão finais que encontrei na obra de Saramago.
Como não li o livro, não posso fazer comparações. Ainda assim, Jake Gyllenhaal é fantástico apesar da história ser confusa e dar asas a milhares de interpretações.
ResponderEliminarBem vinda ao "A Vida Em Cenas", Ana S.
ResponderEliminarSim, sem dúvida que Gyllenhaal é excelente. Eu gostei do filme, achei apenas que, comparado com o desenvolvimento final do livro, ficou a perder...mas ainda assim achei um filme muito bom