28 janeiro 2013

The Impossible






Podia ter sido um mero dramalhão a explorar a tragédia que foi o tsunami de 2004, numa insuportável ou abjecta história “bigger than life”. Felizmente, não o é, nem sequer de tal se aproxima. 

“The Impossible” surge como um conto de sobrevivência e esperança, cru e inspirador. Que nunca se esquece da sua origem, “this is a true story”, espelhando uma sobriedade e uma humanidade tão necessárias, quanto sinceras. Qualidades essas, fruto não apenas do distinto e inventivo trabalho de Juan Antonio Bayona, mas também (principalmente, atrevo-mo) dos seus actores, magnífica e corajosa trindade: Naomi Watts, Ewan McGregor e Tom Holland. A agressividade com que a câmara trata Watts – veja-se a tumultuosa e pormenorizada cena em que é arrastada pela corrente ou, mais tarde, na sequência do hospital – é séria, quase obsessiva, mas nunca esquemática ou sem propósito, e Naomi Watts transmite na perfeição a dor e o desespero da sua personagem. Tom Holland, absoluta surpresa, de um prodigioso desempenho que faz sombra à sua tenra idade, revela uma candura, uma força e pragmatismo que nos impressionam do início ao fim. Pena é que McGregor não tenha tido o espaço suficiente para desenvolver a sua personagem, embora a sua “quebra” ao telefone seja, sem dúvida, um dos pontos altos do filme. 

Íntegro e consciente, “The Impossible” é sublime no modo como devasta o espectador, sem manipulações ou lágrimas fáceis, abraçando por completo a dimensão humana da história que nunca explora.

3 comentários:

  1. Nomeação de Naomi Watts nos óscares mais que merecida! :)

    ResponderEliminar
  2. Concordo com as tuas palavras que enuncias tão facilmente que faz o filme parecer uma mera película que entretém o espectador; melhor, um espectador interessado. =P


    Gostei da perpectiva que é explorada no filme. Sem dúvida que as performances são geniais e ajudam a reflectir todo o drama.


    Grande blog já agora... adoro a genealidade que colocas nas ideias que transmites!
    Good work!!

    ResponderEliminar
  3. oh paulo, nem sei o que te possa responder depois de tanto elogio...fico-me pelo obrigado, mas um obrigado muito sincero :)

    eu gostei mesmo muito do filme, não estava à espera de ser tão surpreendida e tão pela positiva!

    ResponderEliminar