TUOS
Há um cântico que nos percorre com a força visceral daquilo que é anterior ao próprio tempo e história. Espíritos espreitam da escuridão, espíritos que clamam e iludem, espíritos que pertencem à floresta, espíritos que comandam o passado, o presente e o futuro deste clã matriarcal.
Senti Tuos de uma forma muito peculiar, senti as suas histórias a estontearem-me a mente, senti a sua melodia a encher-me o coração.
Tuos, emotivo e extraordinário conto de emancipação feminina, no qual a brutalidade do concreto e a peculiaridade do místico se cruzam, no qual o sobrenatural e a realidade se esfumam de mãos dadas, de modo astuto, subtil e memorável!
Tuos, prodigiosa fábula, indelével retrato!
A FLORESTA DAS ALMAS PERDIDAS
No fim, sente-se incompletude. Olhamos para trás e, face a uma narrativa tão singular e a uma atmosfera inicial rica em suspense, é frustrante detectarmos esse potencial perdido. Também não ajudou o realizador definir o filme como pertencente ao género terror, não é de forma alguma o caso.
Os diálogos incisivos, juntamente com o carismático trabalho de Daniela Love e Jorge Mota, e a evocativa fotografia a preto e branco são as forças maiores que contribuem quer para a acutilante beleza do filme, quer para o suspense incomodativo que o atravessa até ao arrasador twist.
Contudo, a partir desse momento, a extravagância quebra-se, a dispersão instala-se, o feitiço desvirtua-se. Tal como as suas almas, também o filme se perdeu em si próprio.