“O mal seguia-o sempre de perto.”
A seguinte crítica contém spoilers!!!
“A Estirpe”, primeiro da trilogia escrita por Guillermo del Toro e Chuck Hogan, foi para mim uma leitura absolutamente assombrosa! Uma história magistralmente contada e desenvolvida sob um ponto de vista surpreendente e inovador (Vampiros descritos como uma infecção vírica de proporções apocalípticas? Contem comigo!), imersa numa atmosfera quase sufocante de tensão, gore e suspense! Escusado será dizer que devorei o livro num piscar de olhos, sedenta por mais! Por isso, quando soube da adaptação ao pequeno ecrã, fiquei extremamente curiosa e ansiosa por conhecer o resultado final. E ora bem, o que é que eu posso dizer sobre o piloto, “Night Zero”?
Mixed feelings, mixed feelings everywhere! E começo já pelos pontos negativos, para não deixar dúvidas! O primeiro é gritante e corrói logo a tensão e sobressalto permanentes que o espectador deveria sentir: não precisam de mostrar logo tudo, que raio! Não percebi porque mostraram logo o Mestre no avião, ou o ataque do Mestre ao controlador aéreo, ou o ataque dos recém-infectados na morgue! Não poderiam construir um pouco mais de dúvida e especulação em redor do que se passou naquele avião ao invés de nos espetarem logo na cara, sim, são vampiros?! O segundo ponto está intimamente relacionado com o anterior: devia ter sido dado mais enfâse à análise do avião e dos cadáveres, às diversas anomalias que um e os outros apresentavam. Eu percebo que o livro é o livro e a série é a série, ou seja, nem tudo pode ser apresentado como foi descrito, mas esse acumular de inconsistências e questões é tão brilhantemente desenvolvido no livro, contribuindo para o seu suspense, que foi uma pena ver a forma atabalhoada como essa parte foi mostrada neste episódio! Até digo mais, a cena em que a menina regressa a casa do pai provocaria mil vezes mais impacto e incredulidade se todos esses aspectos que referi ainda não tivessem sido mostrados! E quando é o próprio Guillermo del Toro a realizar este episódio, ainda fico mais surpreendida por estas opções...
Mas nem tudo foi mau, nada disso! A primeira impressão dos protagonistas foi positiva, Corey Stoll como Ephraim Goodweather mostrou mais carisma do que eu esperava e também gostei da interpretação de David Bradley como Abraham Setrakian (mesmo com os Red Wedding feelings…não, estou a brincar). E apesar das deficiências apontadas a nível da construção do episódio, ainda se conseguiu sentir tensão e mistério, principalmente na inspecção ao avião e na tal cena da menina com o pai! E pressinto um favorável nível de gore, por isso, vamos em frente!
Concluindo, não foi um episódio piloto assombroso, que nos cativa de imediato. Obviamente que conhecendo o material de origem, as comparações são inevitáveis e o apontar das falhas é também mais fácil, provavelmente! Contudo, visto que este episódio também demonstrou o seu ar de graça, estou disposta a dar uma oportunidade à série, esperando que esta consiga de facto transmitir o espírito do livro e me faça, tal como ele, ficar sedenta por mais!