20 janeiro 2010
The Road
Quando as luzes se acenderam, senti-me perturbada, desconfortável … Mas não o digo como algo negativo, antes pelo contrário!
“A Estrada”, adaptado do romance de Cormac McCarthy, relata a luta pela sobrevivência de um pai e do seu filho num mundo pós – apocalíptico. Para o conseguirem, têm que percorrer a estrada que os levará até ao sul, até à costa, onde reside uma possível (mas presumivelmente ilusória) esperança.
Estamos perante um filme tão arrepiante como belo, tão incómodo como soberbo! As interpretações de Viggo Mortensen e de Kodi Smit - McPhee são totalmente irrepreensíveis e marcantes, transmitindo todo o desespero, toda a dor e angústia das personagens! A fotografia, sublime e memorável, dominada por tons cinzentos e depressivos, confere uma beleza contraditória às imagens de um mundo completamente devastado, já quase sem vida! Por último, a música, de Nick Cave e Warner Ellis, é igualmente envolvente e desconcertante!
“A Estrada” não é um filme sobre o apocalipse. Este já aconteceu. Não sabemos as suas causas, não temos heróis que salvem o planeta no último momento. Só assistimos (e sentimos) às suas consequências. Vemos apenas um pai e um filho, apenas o “Homem” e o “Rapaz”, que já não são nada ou então são tudo menos meros sobreviventes. Percorrem a estrada, assombrada pelo frio, pela fome, pelo perigo, pelo canibalismo e pela morte, mas ainda têm a sua humanidade e, acima de tudo, o amor que os une e os impulsiona a seguir. Porque o fio condutor de “A Estrada” é na verdade a relação entre pai e filho, as decisões que têm que tomar e os inevitáveis confrontos entre os dois, durante o seu interminável, agonizante e incerto percurso.
“A Estrada” é um autêntico murro no estômago. Choca-nos, é perturbador, doloroso, difícil de se ver. Não só pelo horror do que de facto vemos, mas também por aquilo que sentimos e pensamos, ao longo da reflexão que se torna necessária durante e após o filme.
Um filme magistral e imperdível!
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Sublinho tudo o que disseste. Foi como um murro no estômago.
ResponderEliminarSim, o filme era o Laço Branco. Ainda estou a reflectir sobre o que achei :)
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Ainda tenho que ir ver este THE ROAD ao cinema. Parece-me ser do género de que vou gostar e pelo que tenho lido dele... Ainda para mais com Viggo, aquela fotografia e com aquela assinatura na banda sonora.......
ResponderEliminarGostei do teu texto, parabéns.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Inês Guedes,
ResponderEliminara tua crítica a "The Road" também apontava para este sentimento que descrevi na minha...Um filme que fica connosco por essa sensação de choque, mágoa e desconforto que provoca!
Roberto F.A. Simões,
ResponderEliminarem primeiro lugar, obrigado pelo elogio! :)
A interpretação de Viggo Mortensen é genial e a fotografia e banda sonora, como referi na crítica, são tão sublimes quanto desconcertantes!
É um excelente filme, um dos melhores deste ano!
Muito bom este filme, o Viggo poderia ter sido indicado ao Oscar!
ResponderEliminarabraço e te sigo!
bom demais este blog, até
Cristiano Contreiras,
ResponderEliminarSim, de facto este filme é excelente, um dos melhores do ano, e a interpretação de Viggo Mortensen é fenomenal! Não sei se a nível de prémios está a ser esquecido ou subvalorizado, porque também não vi ainda todos os filmes correspondentes às interpretações nomeadas, por exemplo, nos Globos de Ouro ou SAG, mas sei que a sua interpretação me marcou bastante!
Obrigado pelo elogio :)
Passarei igualmente no teu blog!
Cumprimentos