27 abril 2013

The Silence Of The Lambs




É aquele esgar, como uma espécie de sorriso. O olhar, como se omnipresente, que não larga o seu interlocutor. É a voz, pausada e de clara rouquidão, que adivinha os mais obscuros medos e traumas do seu alvo. Assim, em três aparentemente simples passos, se constrói uma das personagens mais temíveis quanto carismáticas da história do Cinema.




Depois, o contraste entre a vulnerabilidade e a determinação, entre a manipulação e a inocência, no corpo da jovem agente que exorciza os seus demónios, passado e presente, na perseguição de um sádico assassino, num perigoso e perverso jogo de quid pro quo.

Intercalando as peças do jogo, uma sóbria e tensa banda-sonora e um ambiente sombrio e demente que copiosamente nos acompanham. Sem piedade, o brilho da cor branca tortura-nos; o vermelho sangue exala horror e consumação.


Well, Clarice - have the lambs stopped screaming?


14 abril 2013

(As) Simetrias [12]



Uma música, três cenas. Composta por Bernard Herrmann para o homónimo "Twisted Nerve" (1968).




No contexto original, em "Twisted Nerve".




Adoptada por Tarantino, no tenso splitscreen de "Kill Bill".




Como apresentação ao personagem Tate Langdom, na 1ª temporada de American Horror Story.

[atenção, spoilers]



Em todas, absolutamente arrepiante!


07 abril 2013

Fantas Expresso: Quatro Temas, Quatro Filmes



The Aryan Couple: coragem e determinação 




Uma história simples, muitos dirão, nem por isso de menos valor, acrescento eu. Um testemunho do horror nazi lado a lado com a coragem da Resistência, numa narrativa sensível e por vezes mordaz. Contudo a sua linearidade acaba por ser talvez o seu maior pecado, arrastando-se infelizmente para um ritmo previsível e desinspirado. 


Midnight Son: sangue e desejo 




“You’re in the verge of becoming something” 

Vício e consumação, numa produção manifestamente low budget que ainda assim é bastante eficaz e original na abordagem ao universo vampiresco. O sangue a rodos traz-nos o gore que lhe é inevitável (e felizmente) associado; a sua perspectiva mais científica e humana acaba por ser uma lufada de ar fresco. 


Robot and Frank: amizade e dilemas 




Enternecedor é a palavra que talvez melhor o descreva. A adaptação à velhice, a adaptação à mudança, num conto moderno tão emotivo quanto recheado de humor. Frank Langella numa interpretação pitoresca e cativante. 


Forgotten: horror e histórias de embalar 





Sinuoso e negro, Forgotten é espantosamente hábil na forma como engana e manipula o seu espectador. É sem dúvida o seu maior trunfo, conjugando eficazmente o ambiente frio e sombrio da ilha com o crescente suspense e drama das personagens, soberbamente interpretadas por Mina Tander e Laura de Boer. Excelente, excelente filme.