Avassalador, difícil de digerir, Silence é um filme que nos esmaga pela complexidade inerente do seu tema e, muito habilmente, pelo modo provocador como Scorcese o dirige!
Provocador pela multiplicidade de questões que levanta. Provocador pela sagacidade com que confronta duas visões gravemente distintas mas no seu âmago similarmente pecadoras e de actuações violentas e desumanas. Provocador pela forma como coloca o espectador em comunhão, ainda que de díspar magnitude, com a busca e reflexão viscerais das principais personagens.
Numa vívida e demolidora odisseia movida pela fé e pelo horror, Silence questiona e põe em causa, sem hesitações nem pruridos. Qual o sentido da evangelização, esse demónio colonizador que tanta crueldade e morte causou? Qual o sentido da resposta do Japão, esse império feudal que se protegeu à custa de tortura e perseguição? Qual o sentido de tudo isso, quando afinal a fé se revela como universal na sua essência, apenas diferente nas suas manifestações? Um terço. Uma cruz. A beleza da Natureza. Uma estátua de Buda. Meditação ou confissão. Monólogo. Silêncio.
I pray but I am lost. Am I just praying to silence?
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