O timbre profundo e solene de Morgan Freeman tem tanto de calmante como de convincente. “Só usamos 10% do nosso cérebro. O que aconteceria se conseguíssemos desbloquear as áreas esquecidas?”. Porque não? A questão premente não tem a ver com a falsidade da premissa (estamos no terreno da ficção científica, há margem de manobra!) mas sim com o seu aproveitamento enquanto motor do filme! E que posso eu dizer quanto a isso? Bem, parece-me que Besson só utilizou uns 65% das suas capacidades…
O filme até começa com garra: as sequências que vão desde o aprisionamento de Lucy até à sua transformação e vingança são sem dúvida vibrantes e entusiásticas! Scarlett Johansson assume firmemente essa postura de “common girl turned super woman!”, se tal se pode dizer! No entanto, a partir desse momento, os seus poderes sobre-humanos são apenas um artifício para conduzir o filme numa sucessão previsível de clichés, tiroteios e confrontos finais…Ora bem, não se pedia nenhuma dissertação (que o filme nem joga nesse campeonato) mas custava muito ter-se focado mais no dilema entre as potencialidades e os riscos de Lucy (assim à semelhança da caixa de Pandora), por exemplo, do que nos oferecer o desenvolvimento medíocre que já vimos tantas vezes? Nem vou falar do final, até porque neste momento nem sei se gostei ou desgostei, mas por um lado acho que, mais uma vez, foi uma conclusão fácil…
Em suma, “Lucy” assume-se como um entretenimento (demasiado) descomprometido, ainda que agradável, deixando dessa forma um certo amargo de boca pelo desaproveitamento das suas potencialidades!
Sem comentários:
Enviar um comentário