05 junho 2011

Blue Valentine






Porque magoamos aqueles que amamos? Como chegamos ao ponto de ruptura?

Blue Valentine não nos revela as causas, não nos mostra o percurso, antes nos atira de forma visceral para a turbulência e dor de uma relação moribunda. Violentamente, do nada, penetramos na conturbada e amarga intimidade daquele casal, como simultaneamente assistimos à felicidade e amor que outrora partilhavam. Sem embelezamentos, de modo cru, rude e doloroso. E angustiados, devastados, revoltamo-nos com a aparente futilidade das suas discussões, com a perturbadora banalidade do sexo, sufocados pelos desesperantes tons de azul e cinzento daquele quarto de hotel agonizante.




Ryan Gosling e Michelle Williams são tortuosamente magníficos num pas-de-deux de paixão, confronto e ruína. Ela, ultimamente nervosa, insegura e perturbada, em contraste com a doçura e esperança que demonstrava. Ele, num patamar superior, brilha com a sua paixão, entrega e posterior angústia. Espelhos de uma inocência perdida face às contrariedades da vida e do amor.

A música que os acompanha nunca nos deixa esquecer, numa nota de tristeza e desespero que continuamente nos atormenta. Assim como a virtuosa câmara de Derek Cianfrance que, de longe, observa o esperançoso passado enquanto nos aproxima, de forma quase abusiva, do desmoronar da relação.




Angustiantemente belo, dolorosamente real, Blue Valentine afirma-se como uma honesta e grandiosa obra, que nem após os excelentes créditos finais nos deixa descansar, presos irreversivelmente ao seu desespero e desencanto.


1 comentário:

  1. Ainda não vi, mas já arranjei! Vou ver se essa crítica se adequa à minha opinião :)

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