(devia ter sido publicado ontem, mas não me foi possível)
31 dezembro 2011
30 dezembro 2011
Good Night And Good Luck
A eloquência a preto e branco. A coragem de criticar e questionar. O "atrevimento" de procurar a verdade e de informar o público. Edward R. Murrow. A voz da CBS contra o despotismo de McCarthy. Contra a perseguição. Contra o medo. Contra a ignorância.
A câmara de Clooney é pausada, tranquila. Ritmada ali e acolá, quando o jazz preenche o ecrã (numa nota curiosa, exactamente de 23 em 23 minutos, a duração média de um programa de televisão nos anos 50). Mas é, afirmo, de uma sobriedade impressionante, que se conjuga perfeitamente com o tom do filme. Assim como a magnífica interpretação de David Strathairn que, com um magnética presença e uma voz arrebatadora, dá vida a Edward R. Murrow. A seu lado, brilha um conjunto de grandes secundários: Robert Downey Jr., Patricia Clarkson e o próprio Clooney.
Good Night and Good Luck, um testemunho do passado. Simultaneamente, um alerta para o papel actual dos media e a responsabilidade do jornalismo, num paralelo com a época retratada. Good Night and Good Luck, um nobre clássico.
29 dezembro 2011
Momentos (XIX)
We are currently wealthy, fat, comfortable and complacent. We have currently a built-in allergy to unpleasant or disturbing information. Our mass media reflect this. But unless we get up off our fat surpluses and recognize that television in the main is being used to distract, delude, amuse and insulate us, then television and those who finance it, those who look at it and those who work at it, may see a totally different picture too late…
(...)
But even if they are right, what have they got to lose? Because if they are right, and this instrument is good for nothing but to entertain, amuse and insulate, then the tube is flickering now and we will soon see that the whole struggle is lost. This instrument can teach, it can illuminate; yes, and it can even inspire. But it can do so only to the extent that humans are determined to use it to those ends. Otherwise it is merely wires and lights in a box. Good night, and good luck.”
24 dezembro 2011
Feliz Natal!
Perdoem-me a repetição...mas eu adoro verdadeiramente esta cena!
Um Feliz Natal a todos!
22 dezembro 2011
21 dezembro 2011
The Help
You is kind
You is smart
YouViola Davis is important
Tenho a certeza que não era apenas à pequena Mae Mobley que Aibilee recordava estas palavras. Era também a si própria. Uma vida inteira como serviçal, ou "help", termo que designava as criadas negras que trabalhavam como domésticas, mas principalmente como amas das famílias brancas sulistas.
Parece-nos incrível tal desumanidade. E pensamos...bem, foi há 50 anos. Mas rapidamente nos apercebemos que não foi assim há tanto tempo. Surpreendentemente, numa época de tão turbulenta mudança, os direitos civis eram algo que ainda precisava de ser conquistado. Se Martin Luther King discursava, com fervorosa paixão, se o Norte já começava a ser mais tolerante, por outro lado o profundo Sul dos EUA nem sequer considerava a questão, escondendo-se atrás dos mantos e máscaras do Klu Klux Klan para violentar a comunidade negra. Ou atrás de um racismo tão institucionalizado que era motivo de natural conversa na reunião semanal de bridge das senhoras sulistas, sob o mote da saúde e higiene.
São essas provocações, insultos e humilhações que o filme retrata de forma consistente e séria, sem puxar ao melodrama ou à lágrima fácil, e pontuado ainda por eficazes momentos de humor. Tudo a um ritmo tão fluido que nem sentimos o tempo a passar!
Se é inicialmente a personagem de Emma Stone, irreverente, jovem e idealista, que, pela sua ambição e inconformismo, pretende alertar para estas injustiças, é sem dúvida a coragem e força de Aibilee e Minny que catalisam a subtil mudança e a concretização do livro. Esplendorosas interpretações de Viola Davis e Octavia Spencer. Engrçado é pensar que a própria Skeeter também se queria impor e ser alguém, numa época e, em último caso, local em que as mulheres se deviam resignar a ser esposas e mães. Emma Stone porta-se lindamente e confirma-se como um grande talento da nova geração.
No extremo oposto a estes ideais, encontra-se a personagem de Bryce Dallas Howard, interpretando tão convincentemente esse ódio, mesquinhez e ignorância que é verdadeiramente fácil desprezá-la. Por último, Celia Foote, tão doce e sincera quanto desequilibrada, maravilhosamente moderna e tolerante. Magnífica Jessica Chastain. Destaque ainda para Sissy Spacek, a pequena dose de loucura e bom humor!
Concluo com uma afirmação bastante simples: adorei o filme! Com um leque de excelentes interpretações, "The Help" surge como uma das mais contagiantes e inspiradoras histórias do ano!
19 dezembro 2011
(As) Simetrias [9]
2006- Charlize Theron no anúncio do perfume "J'adore", da Dior
2011 - Charlize Theron no anúncio do perfume "J'adore", da Dior
O primeiro transpira sensualidade e erotismo. O segundo é glamour e nostalgia. Charlize Theron, numa dualidade magnética, desfila e posa em toda a sua força e esplendor. J'adore!
13 dezembro 2011
Moscow Zero
Não consigo escrever mais que um parágrafo. E muito pequeno. Detestei o filme. Achei-o aborrecido e sem nexo, com interpretações muito fracas, abusando ainda da câmara tremida e de uns efeitos de luz/sombra que só dificultaram (ainda mais) a sua visualização. Uma perda de tempo.
09 dezembro 2011
03 dezembro 2011
Momentos (XVIII)
Their daddy's a king. And a king knows what to do and *does* it. Even when it's hard. And their daddy will do whatever he has to for those he loves. And that's all that matters. Because everyone is weak, Jimmy. Everyone but us. We will never be weak."
01 dezembro 2011
Memento
Now…where was I?
Assistimos ao final, ao acto concretizado. Ele está satisfeito. Subitamente, um flash sobressalta-nos. Uma polaroid desvanece-se em mistério. As imagens retrocedem, em lenta desconstrução. Tal como ele, agora um fantasma. O puzzle está desfeito. A viagem começa.
“Memory can change the shape of a room;
it can change the colour of a car.
And memories can be distorted. They’re just an interpretation,
they’re not a record and they’re irrelevant if you have the facts.”
Nesta estrada de dois sentidos, busca-se a verdade, deseja-se a vingança. Mas quem o guia? Memórias? Factos? Ou instinto? Em qual pode ele confiar?
“I have to believe that when my eyes are closed,
the world’s still there.”
Por entre uma bruma de incertezas e dúvidas, é hábil e genial o modo como Nolan nos confunde, manipulando-nos subtilmente num quebra-cabeças não só existencial, como até moral e ético. No centro, esse nebuloso espectro, um magnífico Guy Pearce, condicionado a funcionar, corpóreo somente pela tinta indelével, seguro apenas da evidência das suas fotografias e anotações. “Certainties. It's the kind of memory that you take for granted.” Contudo, é exactamente com a possibilidade de ilusão que Nolan joga, a qual, acentuada pelo excelente trabalho de montagem de Dody Dorn, cria um deveras original e desafiante clássico.
28 novembro 2011
Hotel Rwanda
Dube: Why are people so cruel?
Paul Rusesabagina: Hatred... Insanity... I don't know...
A pergunta fica em aberto, num crescendo de crueldade e horror. Cru, desconfortável, violento, Hotel Rwanda é uma obra francamente desarmante. E necessária. Tamanhas atrocidades nunca deveriam ser esquecidas...é simplesmente inacreditável pensar na desumanidade do ser humano...
Sem ser melodramático ou excessivo, o filme cumpre magnificamente essa função. O exemplo maior será talvez a interpretação de Don Cheadle, que, sobriamente, exprime de forma notável o conflito, o medo, a dor e a coragem da sua personagem.
Sem ser melodramático ou excessivo, o filme cumpre magnificamente essa função. O exemplo maior será talvez a interpretação de Don Cheadle, que, sobriamente, exprime de forma notável o conflito, o medo, a dor e a coragem da sua personagem.
Paul Rusesabagina: I am glad that you have shot this footage and that the world will see it.
It is the only way we have a chance that people might intervene.
Jack: Yeah and if no one intervenes, is it still a good thing to show?
Paul Rusesabagina: How can they not intervene when they witness such atrocities?
Jack: I think if people see this footage they'll say,
"oh my God that's horrible,"
"oh my God that's horrible,"
and then go on eating their dinners.
[pause]
Jack: What the hell do I know?
Comovente e agressivo, Hotel Rwanda pauta ainda pela crítica à atitude da comunidade internacional, cega e cobarde, escondida entre artifícios, burocracia e indiferença. Basta lembrar-mo-nos dos discursos de Paul, o jornalista, ou do coronel Olivier, dois bastiões de esperança que célere e desamparadamente se esmorecem, face à inércia do Mundo.
Esse que desviou o olhar, que continuou a comer ou que até mudou de canal; esse Mundo que partiu, resguardado das lágrimas e gritos de quem abandonou à barbárie e ao terror.
Breaking Dawn - Part One
Não lhes chamarei de expectativas mas confesso que estava com vontade de assistir a este penúltimo capítulo, não tanto pelos anteriores, mas por ter acabado por ler a saga completa.
E afirmo já que este devia ter sido mesmo o último capítulo, isto é, não deviam ter dividido o livro em dois filmes. Foi obviamente por meras razões lucrativas, um vez que só tornou a história sem ritmo e algo aborrecida. Passamos uma hora no casamento e na lua de mel de Bella e Edward e a hora seguinte a lidar com a gravidez de Bella. Foi excessivo, um filme apenas, com cerca de 2 horas e meia, seria o adequado para encaixar a história do livro. Até porque, com tanto tempo dedicado ao casal, acabaram por não desenvolver o conflito e crescimento de Jacob, o que iria acrescentar parte da tensão necessária ao filme. Eu até percebo o entusiasmo, o amor entre Bella e Edward foi finalmente consumado, se bem que até aí o trailer estragou o momento, ao revelar a cena "mais quente" (se lhe podemos chamar isso)! Mas repito, para mim foi excessivo e tornou o filme ligeiramente maçador. Por outro lado, os diálogos e algumas interpretações continuam a ser bastante pobres e existem algumas tiradas, principalmente do Jacob, que são verdadeiramente ridículas! No entanto, penso que, neste capítulo, Kristen Stewart demonstrou maior expressividade, o que, admitamos, já era necessário!
Concluindo, esta sempre foi uma saga dedicada aos fãs dos livros; obviamente que podia ser melhor construída,ainda que o material de origem não seja também nada de especial. Contudo, sempre pecou por ser exageradamente formatado e assumir que o seu público alvo não possa ser exigente.
21 novembro 2011
Flickam sam lekte med elden (The Girl Who Played With Fire)
“She felt so wretched that tears came to her eyes.
But Salander never cried. She wiped them away.”
Não fosse por uma Noomi Rapace absolutamente magnética e nem a complexidade da personagem de Lisbeth Salander seria retratada seriamente neste "The Girl Who Played With Fire".
Mesmo se não tivesse lido o volume original, seria peremptória a afirmar que este filme se encontra uns furos abaixo do seu antecessor. Uma realização amadora, um casting medíocre, pobres efeitos especiais. Mas acima de tudo, não se sente uma pinga de suspense, esse que nos envolvia e incomodava em "Millenium 1: Homens Que Odeiam as Mulheres" (e aí nem sequer conhecia a trilogia)!
É desolador pensar no argumento de origem e vê-lo reduzido a um produto automatizado, incapaz de criar, para o espectador, uma atmosfera de mistério e tensão, e com um desenvolvimento mínimo das personagens e das relações entre elas! Por exemplo, o filme nunca explica por que razão Lisbeth deixa de falar com Mikael, quando sabemos muito bem que ela não é mulher de caprichos!
Mas o pior foi mesmo aperceber-me que o suspense se evaporou e que o puzzle que nos devia deixar curiosos nos deixa apenas insatisfeitos e, a quem não leu o livro, talvez confuso...
Incomparavelmente inferior ao livro homónimo e ao seu antecessor, é seguro afirmar que "The Girl Who Played With Fire" nada mais foi que uma tremenda desilusão!
"Don’t ever fight with Lisbeth Salander. Her attitude towards
the rest of the world is that if someone
threatens her with a gun, she’ll get a bigger gun.”
threatens her with a gun, she’ll get a bigger gun.”
17 novembro 2011
The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn
Acho por bem referir que não conheço o Tintin da banda desenhada. Lembro-me de ver os desenhos animados que passavam na televisão e assim tenho nada mais que uma vaga e superficial memória dos eventos e das personagens. Por isso, a minha crítica irá naturalmente cingir-se ao filme em si e não à adaptação...
E, assim sendo, a avaliação revelar-se-á como bastante positiva! Começo desde logo pelos créditos iniciais, uma deliciosa e engenhosa introdução! E depois temos, sem dúvida, um grande filme de aventuras! Uma trama não propriamente original mas desenvolvida de forma inteligente e eficaz; um ritmo intrépido, de descoberta em descoberta, por entre percalços e sucessos, que nos deixa sempre tão curiosos quanto entusiasmados; um humor constante, tão bem personificado no adorável e corajoso Milou, nos distraídos e trapalhões Dupont e Dupond e, claro, no capitão Haddock!
E, chegada a este ponto, tenho que louvar incansavelmente o trabalho fenomenal de Andy Serkis! Não que duvidasse das capacidades do actor que de modo tão perfeito encarnou Gollum, mas ainda assim foi surpreendente acompanhar um outra personagem tão "real" e bem trabalhada!
Nota final para a excelente técnica de motion capture, que para mim funcionou bastante bem, conferindo talvez mais "veracidade" às personagens e situações, complementado com o bom trabalho de vozes dos actores!
Concluindo, é notório que gostei imenso d' "Aventuras de Tintin"! Não podendo analisar a fidelidade à banda desenhada, considero-o antes um filme deveras emocionante e divertido, no qual, com evidente gosto, embarcamos inebriados de aventura!
16 novembro 2011
Reacção ao Prós e Contras: "Quem decide os medicamentos que tomamos" de 14/11/11
Como farmacêutica, mas também como cidadã, e face ao que assisti, era impossível não reagir ao Prós e Contras desta semana. Por isso, aproveitei este espaço para o fazer.
Que fique desde logo claro: o farmacêutico é O profissional do medicamento. Tal como se pode considerar o médico o profissional da doença. Por isso, tendo como objectivo a saúde do doente, o passo ideal e lógico implicará uma colaboração activa e assertiva entre estes dois profissionais de saúde, não esquecendo a participação do próprio doente que deverá ser parte integrante do plano terapêutico. Mas agora repito: o farmacêutico é O profissional do medicamento. O que significa que é quem teve uma formação multidisciplinar e exaustiva que lhe permite conhecer as características do medicamento, como o seu mecanismo de acção e possíveis efeitos adversos, para além do seu processo de fabrico, e que o torna ainda o profissional mais qualificado para aconselhar o doente/utente, de forma responsável, consciente e clara. Ora, o médico não teve esse tipo de formação. Tal como o farmacêutico não tem a formação de um médico. Daí o farmacêutico não ter sequer o direito de interferir a nível do diagnóstico, que é função do médico. Por isso, com que legitimidade é que a Ordem dos Médicos interfere numa área que é da competência do farmacêutico, se não possui os conhecimentos necessários? Porque insiste em denegrir o trabalho do farmacêutico e afirmar que tem a formação adequada a nível do medicamento?
Neste debate foram ditas muitas barbaridades pela parte do Bastonário da OM e dos médicos intervenientes. Desde desconfiarem de “alguns genéricos” e do seu processo de fabrico até porem em causa a competência do INFARMED, passaram uma mensagem alarmista, desproporcionada e sem fundamento. Primeiro ponto: todos os medicamentos genéricos têm que assegurar a sua bioequivalência, ou seja (de forma simples), demonstrar que possuem a mesma eficácia e segurança do medicamento original. Portanto a questão de genéricos com “diferentes qualidades” nem se devia colocar. E qual foi a fundamentação do Bastonário da OM relativamente a essas suspeitas? Nenhuma! Segundo, a indústria farmacêutica é regulada por normas internacionais de qualidade e boas práticas de fabrico. Não há cá medicamentos com excipientes duvidosos ou com demasiadas impurezas! Terceiro ponto, o INFARMED é um laboratório certificado, com capacidade técnica e científica. Daí que, e indo de encontro ainda ao primeiro ponto, não exista nenhum medicamento, genérico ou de marca, que não sofra um processo de avaliação e controlo da sua qualidade/eficácia/segurança antes de ser introduzido no mercado. Por outro lado, outras barbaridades nem merecem ser referidas novamente, tal o seu grau de ridículo, e por isso acrescentarei apenas que me assustou a forma banal com que uma médica descartou a sua responsabilidade de notificar o Sistema Nacional de Farmacovigilância com a desculpa de já não ter idade para aprender como se faz. Ou como se cita de forma leviana artigos científicos, pretendendo fazer da excepção a regra.
Se o discurso dos médicos participantes me deixou revoltada, o mesmo poderei afirmar relativamente à moderação do debate. A jornalista Fátima Campos Ferreira demonstrou uma ausência total de preparação prévia e de rigor sobre o tema, realizando intervenções com falhas e incorrecções graves e de forma claramente tendenciosa. Vergonhoso! O público em geral, que não tem obrigação de conhecer o tema, tem contudo o direito de ser informado de forma responsável, clara e isenta, e tal não aconteceu completamente, devido a essa moderação e às intervenções muitas vezes inflamadas e pouco ou nada justificadas.
Por último, terei que elogiar o discurso do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, que, para além de defender a classe farmacêutica, também se revelou como defensor dos interesses do doente, que devem ser exactamente o foco da preocupação por parte do profissional de saúde.
Termino o meu desabafo reforçando uma das ideias iniciais que referi. Para bem do doente, é essencial que haja uma cooperação funcional e harmoniosa entre o médico e farmacêutico. Assim, esqueçam o estatuto! Esqueçam o ego! Funcionem antes em conjunto, de forma a não prejudicar o doente!
13 novembro 2011
11 novembro 2011
08 novembro 2011
When there's no more room in hell, the dead will walk the earth...
...and they all be drawn to the mall!
Depois de "The Night of the Living Dead" e do seu final sem esperança, não antecipava nada deste género para a sua sequela!
"Dawn of the Dead" está recheado de comédia...momentos negros e talvez perversos, sim, mas de comédia! Exemplos não faltam e possíveis leituras também não (atenção consumidores!), por isso termino dizendo apenas que, in a very twisted way, o Romero tem um sentido de humor bastante apurado!
02 novembro 2011
The Change-Up
Boa comédia, suportada pelas cativantes interpretações de Jason Bateman e de Ryan Reynolds e pela graciosa mas fugaz aparição de Olivia Wilde. A premissa, não sendo propriamente original, é desenvolvida inicialmente com largo à vontade e eficácia. O contraponto entre as vidas de Dave e de Mitch proporciona-nos fortes e sinceras gargalhadas. O problema é que o filme cai para o habitual happy ending, não resistindo aos clichés. Tivesse apostado em opções mais arrojadas (que não passassem apenas pela visão dos seios das mulheres dos nossos protagonistas)e talvez "The Change-Up" se afirmasse como uma sólida e refrescante comédia. Assim, e apesar de cada vez gostar mais de Jason Bateman ("The Switch" foi uma surpresa e depois descobri a famosa "Arrested Development") lamento dizer que estamos perante um entretenimento mediano. Agradável, sim, mas mediano.
31 outubro 2011
(As) Simetrias [7]
Jack Torrance desce aos infernos da loucura, da paranóia e da violência em "The Shining", numa interpretação genial de Jack Nicholson!
Excerto de "The Shining"
Homer, por sua vez, sofre...hum, digamos, a pior crise de abstinência da sua vida? Este é, sem dúvida, um dos motivos por que adoro os Simpsons! Ora vejam tal divertida homenagem ao clássico de Kubrick (e mordaz crítica à sociedade)!
Excerto de "Treehouse of Horror V" (The Simpsons: S6, ep.6)
Momentos (XVII)
É certamente uma das minhas personagens preferidas. A sua dualidade sempre me fascinou e comoveu. Sofria com o seu tormento e o seu desespero, desprezava a sua maldade e a sua natureza traiçoeira. Tolkien criou, sem dúvida, uma grande personagem, o espelho da dependência e miséria, de alguém consumido pelo mero desejo do Poder. Peter Jackson transpô-la, de modo perfeito, para a tela. Andy Serkis encarnou-a brilhantemente!
Eis Gollum!
Excerto de "The Lord of the Rings: The Two Towers"
30 outubro 2011
Cinematograficamente Musicando (4)
E em vésperas de Halloween, descubram as referências ao clássico "The Shining" de Stanley Kubrick!
"The Kill", dos 30 Seconds to Mars
(A Beautiful Lie - 2005)
16 outubro 2011
Survive. Fight back. Regroup. Aim for the head. Take shelter.
Hoje estreia finalmente a 2ª temporada de "The Walking Dead"! (nos Estados Unidos; em Portugal, a FOX faz a estreia a 18 de Outubro)
E para aguçar a curiosidade, deixo um sneak peek absolutamente assustador e intenso!
The Walking Dead - Top 5 Momentos Marcantes
A propósito da estreia da 2ª temporada de "The Walking Dead", deixo uma selecção de momentos que, para mim, tornaram a 1ª temporada absolutamente inesquecível ou simplesmente WTF, entre a emoção e a violência!
[Spoilers]
07 outubro 2011
28 Days Later
O conceito afigurava-se interessante: um vírus mutante como o motor de uma epidemia de zombies, metáfora dos actuais fenómenos de raiva e violência.
E inicialmente é eficaz: sente-se um temeroso ambiente pós-apocalíptico, de desconfiança e incerteza. A imagem é grosseira e tremida. Luta-se pela sobrevivência ou por manter uma réstia de humanidade? Poderá uma existir sem a outra? É essa viagem que Jim e os seus improvisados companheiros terão que fazer, após esses perigosos e enigmáticos 28 dias.
Cillian Murphy e Brendan Gleeson estão espantosos e, ao contrário da fotografia e montagem, a música parece ser o único elemento que transmite paz e esperança ao cenário desolador que nos é mostrado.
Infelizmente, a partir do momento em que se inserem os militares, o filme perde tanto orientação quanto força, na minha opinião. Poderá argumentar-se que o comportamento destes questiona novamente o dilema sobrevivência versus humanidade. Contudo, o meu problema é que o filme parece perder-se nos dois temas, desvalorizando a questão dos zombies e não se concretizando de forma satisfatória.
"28 Days Later" consegue ser assustador ao mesmo tempo que promove algumas reflexões. Tem uma excelente banda-sonora e possui alguns planos magníficos, como o de Londres deserta. Mas, para mim, não funcionou completamente, não foi capaz de assegurar a sua premissa, por isso foi com alguma desilusão que vi surgir os créditos finais.
06 outubro 2011
Crazy, Stupid, Love.
Amor, estúpido e louco. Uma certeira definição, entre outras tantas possíveis. O amor é estúpido e é louco, sim, por vezes transforma-nos em meros irracionais em busca do que julgamos como perfeição. O amor é doce e reconfortante quando finalmente o alcançamos. Mas o amor também é difícil. E doloroso. E confuso. E duro. E, porque não, impossível. É, concerteza, uma batalha, um desafio, para atingir e manter.
E é de forma inteligente e honesta que "Crazy, Stupid, Love" aborda estas pluralidades do amor, assumindo-se como uma eficaz e invulgar comédia romântica! Não só nos entrega um humor intenso, sarcástico e atrevido, como é capaz de nos proporcionar momentos de reflexão dramática e de adorável contemplação, mantendo-se simultaneamente longe dos clichés que tanto desgastaram o género! Aliás, direi ser impossível não se aperceber do grau próprio de troça a alguns desses lugares-comuns, tão patente nos seus protagonistas!
E aí encontra-se o 2º trunfo do filme: o seu soberbo conjunto de actores. Steve Carell transita do apático ao ridículo, do humilhado ao confiante, numa interpretação tão hilariante quanto enternecedora. Por sua vez, Ryan Gosling surpreende e conquista num registo bem diferente, com uma personagem que vai bem mais além do já famoso "photoshopped abs". Julianne Moore é encantadora e Emma Stone, após "Easy A", continua a dar provas do seu valor.
Com o seu argumento engenhoso (poderão questionar-se algumas das coincidências mas, para mim, elas acrescentam um tom peculiar e incrivelmente sério ao filme), um humor bem construído e interpretações cativantes, "Crazy, Stupid, Love" afirma-se como a comédia do ano e, singularmente, como uma hábil, emotiva, despretensiosa e subtil história!
22 setembro 2011
The Girl With The Dragon Tattoo - 2º trailer
Sim, o original é um excelente filme...revigorante, misterioso, violento e intenso, atormenta-nos ao longo de todos os seus 152 minutos.
Contudo, nunca estive contra a ideia do remake por si só...até porque com o David Fincher, o resultado seria certamente positivo e o ambiente negro e pesado certamente se manteria. A campanha de marketing confirmou essa ideia...não tenho que lembrar o poster ou o 1º trailer, pois não?
E depois sai este segundo trailer...e eu fiquei sinceramente desiludida....que raio foi aquilo? Longo, muito descritivo...perde completamente a aura de suspense e enigma que lhe é necessária! Não gostei mesmo...com pena minha...
Isto não quer dizer que a minha curiosidade para o filme não se mantenha, nem que a vontade de o ver se tenha perdido...mas acho que este trailer foi um passo em falso!
Podem vê-lo aqui...(desculpem, o Blogger hoje não coopera comigo!)
18 setembro 2011
Miscelânea...
Infelizmente, por falta de tempo e, principalmente, de inspiração, o "A Vida em Cenas" tem estado num desolador ponto-morto...Ainda não é desta que regressa à boa-forma (o que será em breve, espero bem!) mas por enquanto deixo uma menção a certos temas:
"José e Pilar" é o candidato português à categoria de "Melhor Filme Estrangeiro" nos Óscares, notícia que me deixa muito feliz e orgulhosa...é sem qualquer dúvida merecedor! Parabéns ao realizador, Miguel Gonçalves Mendes, e equipa e claro, aos responsáveis pela Petição: "José e Pilar aos Óscares", pelo seu trabalho de divulgação e motivação!
Lembram-se de "Black Mask"? Pois agora já podem saciar a vossa curiosidade com o trailer (password: black_mask)! Magnífico!
Michael Fassbender arrebatou o prémio de Melhor Actor em Veneza, por "Shame". Augura-se um excelente ano para o actor e esta que vos escreve tem imensa curiosidade relativamente a "A Dangerous Method" e a "Shame"!
Adeus...e até ao meu regresso!
02 setembro 2011
Midnight Express
Tum tum…tum tum…tum tum…em tenso e sinistro sobressalto se instala este agouro que de imediato prende o olhar do espectador ao ecrã…assim nos é apresentado Williams Hayes, por entre fita adesiva, haxixe, suor e inconsciência.
Segue-se um perverso desfile de repulsa e barbárie, concerteza exagerado para o que se anunciou como uma “true story”. Contudo, o argumento de Oliver Stone é eficaz na revolta e aversão que provoca no espectador, perante tamanha injustiça e desumanidade. Mais se pensarmos que, quase 40 anos após a história retratada, ainda existirão semelhantes ou piores infernos. Segundo um dos produtores do filme, o efeito desejado seria provocar ao espectador uma sensação de repugnância pelos actos das personagens. No que me diz respeito, o objectivo foi plenamente alcançado. Sim, o filme é repleto de violência, física e psicológica. E, surpreendentemente, ou não, a cena que mais me chocou não contém nenhuma. Pelo menos, não no sentido original de violência. Mas haverá algo mais agonizante que assistir à crua degradação do ser humano, despido de toda a sua identidade e dignidade, lado a lado com o sentimento de impotência de quem o ama? Vejam o filme e perguntem-se o mesmo.
Brad Davis, numa segura e arrepiante interpretação, transmite intensamente a evolução da sua personagem, num percurso de dor, desespero e insanidade. John Hurt, embora secundário, é igualmente irrepreensível.
Tum tum…tum tum…tum tum, O final surge tão tenso quanto o início. Alan Parker não nos deixa novamente respirar. Ou esquecer.
08 agosto 2011
Harry Potter and The Deathly Hallows, Part 2
A demanda continua, agora em ritmo mais fluido e intenso. Afinal, o último capítulo é preenchido na sua maioria pela excitante e dolorosa batalha final em Hogwarts. O filme é eficaz na construção deste portentoso episódio. Vive-se uma atmosfera dramática e assustadora; perda e desespero quase subjugam a coragem e amizade de Harry, Ron e Hermione e dos seus companheiros. Apesar dos louváveis momentos de humor e romance, é no seu lado mais negro e profundo que o filme nos faz regressar verdadeiramente às páginas lidas com sofreguidão e carinho. O reencontro na Floresta Proibida é possivelmente um dos melhores exemplos. Não me coíbo em confessar que as lágrimas foram minhas companheiras na revelação da “Pedra da Ressurreição”. Ou na viagem lúgubre às memórias de Severus Snape, numa interpretação fabulosa de Alan Rickman.
Tal como no capítulo anterior, a fotografia de Eduardo Serra é uma poderosa aliada. Sombria, repressiva, pesada, torna irreconhecível a outrora segura e acolhedora Hogwarts. Transforma-nos em familiares estranhos. Tal como a eles. Tudo mudou…e já há muito. Que mais aliás se esconde nas entrelinhas deste universo de feitiços e batalhas, por entre fotografias móveis e sapos de chocolate, senão as dificuldades e responsabilidades da maturidade, os sacrifícios e recompensas da honra, da amizade e do amor, os desafios do crescer? Foram sete anos em Hogwarts, dez anos para nós, expectantes Muggles…Sonhámos em poder também embarcar na plataforma nove e três quartos, vivemos todas aventuras e desventuras, sorrimos e sofremos com todas aquelas complexas e diferentes personagens! E agora terei que fazer notar o certeiro casting…é incrível como aqueles três adoráveis miúdos evoluíram, numa esplêndida transição da inocência para a maturidade…Não imaginaria outro Harry ou Ron ou Hermione! Ou outro Snape ou Sirius ou Bellatrix ou Dumbledore ou Voldemort, para citar os mais proeminentes de entre os consagrados actores!
Infelizmente, não sou capaz de considerar esta conclusão como perfeita! Como fervorosa leitora, admito que possa estar muito enraizada aos livros, mas três pontos principais merecem o meu reparo. Dois prendem-se ainda com os capítulos anteriores: continuo a achar que por vezes a personagem de Snape foi subaproveitada e que o conflito Horcruxes versus Talismãs de Harry foi pobremente desenvolvido. No livro, esse conflito interior era muito mais que uma mera escolha de estratégia; era o reflexo da descrença e dor de Harry para com uma desconhecida natureza, malévola e calculista, que desvirtuava a figura de Dumbledore. O filme, na minha opinião, nem sempre foi bem sucedido nessa demonstração. Por último, e como me custam estas palavras, foi com desagrado que assisti ao confronto final entre Harry e Voldemort. Mas que raio foi aquilo? O poder de tal momento passava exactamente pela sua simplicidade. Era em excitação e permanente descoberta que lia as cuidadosas mas desafiantes palavras, num discurso provocador que, em suspenso, lançava a sua derradeira e fatal revelação! Talvez achassem que isso não funcionaria no grande ecrã, mas a mudança para aquele cenário de pirotecnia e explosões foi uma profunda desilusão!
“It all ends”, assim se anunciava o capítulo final. Um misto de ansiedade e nostalgia instalava-se à medida que a espera diminuía. Afinal, cresci a ler esta saga. A desejar ir para Hogwarts, descobrir os seus segredos, a deslumbrar-me com os seus feitiços e mitologia, a emocionar-me e divertir-me com as suas personagens, a sofrer com as suas perdas…numa relação, se me permitem tal ousadia, difícil de transpor em palavras! E se o fim não foi perfeito, foi sem dúvida magnífico e assombroso, e ultimamente merecedor da obra de J.K. Rowling! Inevitável que fosse a despedida, o Rapaz Que Sobreviveu, símbolo da coragem, do amor e da tenacidade, manter-se-á para sempre no meu imaginário e coração!
25 julho 2011
Hard Candy
Quando o predador se torna a presa…
Estará esta afirmação, aparentemente definidora, afinal correcta? Quem é verdadeiramente o predador e quem é verdadeiramente a presa? Ao longo de inquietantes e penosos noventa minutos, nunca conseguimos ter a certeza. Como uma sombra, a ambiguidade moral paira sob as paredes róseas daquela moderna casa. Quem é a vítima? Estaremos perante um acto justificável? É desconcertante apercebermo-nos que, a dada altura, o alvo da nossa pena é o presumível pedófilo. Que a franzina menina nos desperta nada mais que raiva e repugnância. A certa altura, ouvimos da sua boca: “Jeff, Play time is over…now it’s time to wake up”. Talvez o seja para ambos. Contudo, nós espectadores, mais não somos que arremessados para as profundezas de um agonizante e perturbador jogo de incertezas e duplicidade, de uma opressiva violência psicológica.
É notável como um filme confinado praticamente a um cenário e a duas personagens consegue ser tão eficaz no seu propósito. Mérito para o conceito, hábil e inovador. Mérito para o realizador, de câmara vibrante, fluida e criativa. E por fim, mérito para os intérpretes deste dúbio e tenso confronto. Elle Page é absolutamente magnífica, num misto de fragilidade e calculismo que, mesmo arrepiante, nos hipnotiza. De discreto a desesperado, assim é a brilhante composição de Patrick Wilson.
Mas, apesar da sua inventiva abordagem, é com pesar que vejo no seu final um desolador desequilíbrio. É simples, o filme perde toda a ambivalência que exalava quando nos desilude com tal forçado desenlace.
Por outro lado, um pormenor deixa-me indecisa. Nunca sabemos as motivações de Hayley. Se na maioria do tempo, isso funciona a seu favor, é por vezes frustrante embater nessa sua natureza enigmática.
“Hard Candy”, embora algo instável, afirma-se como uma difícil e corajosa obra. Tormentosa e doentia. Contudo desafiante. Sem dúvida merecedora do nosso olhar.
"I am every little girl you ever watched,
touched, hurt, screwed, killed."
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