Stoker, poesia em movimento. Um jogo de cores e olhares e planos. Oh como é bom ser tão incessantemente seduzida! Um jogo de mistérios e segredos e manipulações. Oh como é bom ser tão delicadamente ludibriada!
Em Stoker, nada é o que parece. E se o argumento é de raiz uma trama de olhares cruzados, meias palavras e dissimulações, a câmara de Chan-wook Park é, inquestionavelmente, o gran maestro desta perversa e magnética ilusão. A sombra do desconhecido, a inocência de um vestido esvoaçando no vento. A sinfonia de sapatos em crescendo. Família e sangue. O dedilhar do piano em intenso sufoco, em sublime erotismo. Família e sangue. Sangue e enigmas. Mia, perturbado olhar casto. Matthew, carismático predador. Ou como o mal, sempre arrepiante, pode constituir também uma surreal beleza.
"Just as a flower does not choose its color, we are not responsible
for what we have come to be.
Only once you realize this do you become free,
and to become adult is to become free."