(devia ter sido publicado ontem, mas não me foi possível)
31 dezembro 2011
30 dezembro 2011
Good Night And Good Luck
A eloquência a preto e branco. A coragem de criticar e questionar. O "atrevimento" de procurar a verdade e de informar o público. Edward R. Murrow. A voz da CBS contra o despotismo de McCarthy. Contra a perseguição. Contra o medo. Contra a ignorância.
A câmara de Clooney é pausada, tranquila. Ritmada ali e acolá, quando o jazz preenche o ecrã (numa nota curiosa, exactamente de 23 em 23 minutos, a duração média de um programa de televisão nos anos 50). Mas é, afirmo, de uma sobriedade impressionante, que se conjuga perfeitamente com o tom do filme. Assim como a magnífica interpretação de David Strathairn que, com um magnética presença e uma voz arrebatadora, dá vida a Edward R. Murrow. A seu lado, brilha um conjunto de grandes secundários: Robert Downey Jr., Patricia Clarkson e o próprio Clooney.
Good Night and Good Luck, um testemunho do passado. Simultaneamente, um alerta para o papel actual dos media e a responsabilidade do jornalismo, num paralelo com a época retratada. Good Night and Good Luck, um nobre clássico.
29 dezembro 2011
Momentos (XIX)
We are currently wealthy, fat, comfortable and complacent. We have currently a built-in allergy to unpleasant or disturbing information. Our mass media reflect this. But unless we get up off our fat surpluses and recognize that television in the main is being used to distract, delude, amuse and insulate us, then television and those who finance it, those who look at it and those who work at it, may see a totally different picture too late…
(...)
But even if they are right, what have they got to lose? Because if they are right, and this instrument is good for nothing but to entertain, amuse and insulate, then the tube is flickering now and we will soon see that the whole struggle is lost. This instrument can teach, it can illuminate; yes, and it can even inspire. But it can do so only to the extent that humans are determined to use it to those ends. Otherwise it is merely wires and lights in a box. Good night, and good luck.”
24 dezembro 2011
Feliz Natal!
Perdoem-me a repetição...mas eu adoro verdadeiramente esta cena!
Um Feliz Natal a todos!
22 dezembro 2011
21 dezembro 2011
The Help
You is kind
You is smart
YouViola Davis is important
Tenho a certeza que não era apenas à pequena Mae Mobley que Aibilee recordava estas palavras. Era também a si própria. Uma vida inteira como serviçal, ou "help", termo que designava as criadas negras que trabalhavam como domésticas, mas principalmente como amas das famílias brancas sulistas.
Parece-nos incrível tal desumanidade. E pensamos...bem, foi há 50 anos. Mas rapidamente nos apercebemos que não foi assim há tanto tempo. Surpreendentemente, numa época de tão turbulenta mudança, os direitos civis eram algo que ainda precisava de ser conquistado. Se Martin Luther King discursava, com fervorosa paixão, se o Norte já começava a ser mais tolerante, por outro lado o profundo Sul dos EUA nem sequer considerava a questão, escondendo-se atrás dos mantos e máscaras do Klu Klux Klan para violentar a comunidade negra. Ou atrás de um racismo tão institucionalizado que era motivo de natural conversa na reunião semanal de bridge das senhoras sulistas, sob o mote da saúde e higiene.
São essas provocações, insultos e humilhações que o filme retrata de forma consistente e séria, sem puxar ao melodrama ou à lágrima fácil, e pontuado ainda por eficazes momentos de humor. Tudo a um ritmo tão fluido que nem sentimos o tempo a passar!
Se é inicialmente a personagem de Emma Stone, irreverente, jovem e idealista, que, pela sua ambição e inconformismo, pretende alertar para estas injustiças, é sem dúvida a coragem e força de Aibilee e Minny que catalisam a subtil mudança e a concretização do livro. Esplendorosas interpretações de Viola Davis e Octavia Spencer. Engrçado é pensar que a própria Skeeter também se queria impor e ser alguém, numa época e, em último caso, local em que as mulheres se deviam resignar a ser esposas e mães. Emma Stone porta-se lindamente e confirma-se como um grande talento da nova geração.
No extremo oposto a estes ideais, encontra-se a personagem de Bryce Dallas Howard, interpretando tão convincentemente esse ódio, mesquinhez e ignorância que é verdadeiramente fácil desprezá-la. Por último, Celia Foote, tão doce e sincera quanto desequilibrada, maravilhosamente moderna e tolerante. Magnífica Jessica Chastain. Destaque ainda para Sissy Spacek, a pequena dose de loucura e bom humor!
Concluo com uma afirmação bastante simples: adorei o filme! Com um leque de excelentes interpretações, "The Help" surge como uma das mais contagiantes e inspiradoras histórias do ano!
19 dezembro 2011
(As) Simetrias [9]
2006- Charlize Theron no anúncio do perfume "J'adore", da Dior
2011 - Charlize Theron no anúncio do perfume "J'adore", da Dior
O primeiro transpira sensualidade e erotismo. O segundo é glamour e nostalgia. Charlize Theron, numa dualidade magnética, desfila e posa em toda a sua força e esplendor. J'adore!
13 dezembro 2011
Moscow Zero
Não consigo escrever mais que um parágrafo. E muito pequeno. Detestei o filme. Achei-o aborrecido e sem nexo, com interpretações muito fracas, abusando ainda da câmara tremida e de uns efeitos de luz/sombra que só dificultaram (ainda mais) a sua visualização. Uma perda de tempo.
09 dezembro 2011
03 dezembro 2011
Momentos (XVIII)
Their daddy's a king. And a king knows what to do and *does* it. Even when it's hard. And their daddy will do whatever he has to for those he loves. And that's all that matters. Because everyone is weak, Jimmy. Everyone but us. We will never be weak."
01 dezembro 2011
Memento
Now…where was I?
Assistimos ao final, ao acto concretizado. Ele está satisfeito. Subitamente, um flash sobressalta-nos. Uma polaroid desvanece-se em mistério. As imagens retrocedem, em lenta desconstrução. Tal como ele, agora um fantasma. O puzzle está desfeito. A viagem começa.
“Memory can change the shape of a room;
it can change the colour of a car.
And memories can be distorted. They’re just an interpretation,
they’re not a record and they’re irrelevant if you have the facts.”
Nesta estrada de dois sentidos, busca-se a verdade, deseja-se a vingança. Mas quem o guia? Memórias? Factos? Ou instinto? Em qual pode ele confiar?
“I have to believe that when my eyes are closed,
the world’s still there.”
Por entre uma bruma de incertezas e dúvidas, é hábil e genial o modo como Nolan nos confunde, manipulando-nos subtilmente num quebra-cabeças não só existencial, como até moral e ético. No centro, esse nebuloso espectro, um magnífico Guy Pearce, condicionado a funcionar, corpóreo somente pela tinta indelével, seguro apenas da evidência das suas fotografias e anotações. “Certainties. It's the kind of memory that you take for granted.” Contudo, é exactamente com a possibilidade de ilusão que Nolan joga, a qual, acentuada pelo excelente trabalho de montagem de Dody Dorn, cria um deveras original e desafiante clássico.
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