Amor, estúpido e louco. Uma certeira definição, entre outras tantas possíveis. O amor é estúpido e é louco, sim, por vezes transforma-nos em meros irracionais em busca do que julgamos como perfeição. O amor é doce e reconfortante quando finalmente o alcançamos. Mas o amor também é difícil. E doloroso. E confuso. E duro. E, porque não, impossível. É, concerteza, uma batalha, um desafio, para atingir e manter.
E é de forma inteligente e honesta que "Crazy, Stupid, Love" aborda estas pluralidades do amor, assumindo-se como uma eficaz e invulgar comédia romântica! Não só nos entrega um humor intenso, sarcástico e atrevido, como é capaz de nos proporcionar momentos de reflexão dramática e de adorável contemplação, mantendo-se simultaneamente longe dos clichés que tanto desgastaram o género! Aliás, direi ser impossível não se aperceber do grau próprio de troça a alguns desses lugares-comuns, tão patente nos seus protagonistas!
E aí encontra-se o 2º trunfo do filme: o seu soberbo conjunto de actores. Steve Carell transita do apático ao ridículo, do humilhado ao confiante, numa interpretação tão hilariante quanto enternecedora. Por sua vez, Ryan Gosling surpreende e conquista num registo bem diferente, com uma personagem que vai bem mais além do já famoso "photoshopped abs". Julianne Moore é encantadora e Emma Stone, após "Easy A", continua a dar provas do seu valor.
Com o seu argumento engenhoso (poderão questionar-se algumas das coincidências mas, para mim, elas acrescentam um tom peculiar e incrivelmente sério ao filme), um humor bem construído e interpretações cativantes, "Crazy, Stupid, Love" afirma-se como a comédia do ano e, singularmente, como uma hábil, emotiva, despretensiosa e subtil história!