O seu olhar, tão doce quanto severo, é terrivelmente penetrante. Num corpo de menina, vive já o desencanto da maturidade. Mathilda, cabelo curto e riso contagiante, num mundo que se esquece da sua infância, que repetidamente a abusa e maltrata. Ele, por sua vez, é furtivo e letal. Porém, esconde no semblante imperturbável suprema sensibilidade e carinho. Léon é o seu nome. Anónimos, cruzam-se levianamente por entre mútuos pecados e misérias. Até que pela melodia ribombante da pistola, selam o seu destino conjunto.
Portentosa obra de Luc Besson, Léon reúne com mestria elementos de suspense, drama e humor, habilmente seduzindo, perturbando ou magoando o espectador. Se o forte argumento é desenvolvido na perfeição, se a tensa e hipnótica banda – sonora se revela por si só um trunfo, são, por fim, as magnificas interpretações o que fatalmente nos deslumbra.
Jean Reno é engenhoso na criação do assassino profissional tão mortífero quanto inocente, inexperiente que é nas lides da amizade e da paternidade.
Gary Oldman, magistral vilão, extrapola absoluta psicose e maldade, ao malogrado som de Beethoven.
E depois temos Natalie Portman. A insubmissa e corajosa Mathilda. E custa-nos crer na sua tenra idade quando sentimos tal imensurável paixão e entrega, quando assistimos à convincente transição da sua personagem, quando nos rendemos à sua determinação, candura, desespero, sagacidade e carisma. Que extraordinária composição!
Curiosa que estava, impressionada fiquei! Léon assume-se como uma sólida e magistral obra, cujo visionamento apenas pode ser tido como irrecusável!
I want love, or death. That's it.